Reler O Pequeno Príncipe sempre me emociona, uma sugestão para leitura com alunos e para nos adultos repensar algumas atitudes e responsabilidades.
Trecho do Livro:
"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia - disse a raposa.
- Bom dia - respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui - disse a voz -, debaixo da macieira...
- Quem és tu? - perguntou o principezinho.
- Tu és bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.
- Vem brincar comigo - propôs o principezinho. - Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa - disse o principezinho. Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
(...)
- Eu procuro amigos. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida - disse a raposa. - Significa "criar laços"...
- Criar laços?
- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil garotos. Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro.
Serás para mim único no mundo. Eu serei para ti única no mundo...
(...)
- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
(...)
- Os homens esqueceram essa verdade - disse a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, a fim de se lembrar."
Reproduzo a seguir artigo da Dra. Fátima Oliveira sobre o livro o Pequeno Princípe e sua atualidade.Do Portal Vermelho.
Quando eu era adolescente, a resposta clássica a qualquer entrevista de uma candidata a miss que se prezasse - o concurso de Miss Brasil arrastava multidões e tinha prestígio - é que "O Pequeno Príncipe" era o seu livro de cabeceira! Nem pensar numa miss que não lera o célebre livro de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), piloto da Segunda Guerra Mundial, escritor e ilustrador francês, que aos 44 anos, pilotando um avião militar, foi abatido pelos alemães, num voo de reconhecimento entre Grenoble e Annecy, na França. Era julho de 1944. Em 2004, os destroços de seu avião foram encontrados na costa de Marselha.
As aspirantes a miss banalizaram um livro, literária e filosoficamente, precioso, cuja leitura era obrigatória em meu tempo de ginasiana. É rara a pessoa com menos de 30 anos que o leu. No máximo conhece algumas de suas belas e filosóficas frases que pululam na web. Já faz tanto tempo em que crianças e jovens liam Saint-Exupéry por obrigação e depois se encantavam com ele para sempre. Em geral, quando falo sobre o tema, ouço: "É a nova! Do tempo em que era obrigatória a leitura de O Pequeno Príncipe!".
Lamento que não seja mais. Por vários motivos. Um deles é que "O Pequeno Príncipe" é uma alegoria em prosa-poema sobre a amizade e a transcendência dela; sobre a sofrença e o encanto do amor e seu entorno filosófico; e nos ensina o valor da ética da responsabilidade e das coisas que não estão à vista, mas no horizonte: "O que torna belo um deserto é que ele esconde um poço em algum lugar". Outra razão, é que livros como ele são companhias prazerosas e enriquecedoras a qualquer momento. É engano considerá-lo piegas, apesar de que pieguice tem serventia e hora - nem sempre é coisa boba, condenável ou execrável, podendo, inclusive, ser terapêutica.
"O Pequeno Príncipe" expressa uma visão de mundo decente e nele há insumos que se prestam com propriedade para adoção no cenário da política. Alguns cabem como uma luva para a conjuntura política brasileira. Se eu fosse conselheira da presidente Dilma Rousseff diria que ela deveria sugerir ao vice-presidente Michel Temer sessões de biblioterapia - o livro como recurso terapêutico - para o PMDB, usando "O Pequeno Príncipe", com convites extensivos a alguns parlamentares e ministros do PT e da "base aliada".
No momento, é a única vereda que vislumbro para dar algum lustro ético ao PMDB e dotá-lo de sensibilidade para minorar a petulância partidária e estimular o amor ao povo brasileiro. O que pode ser aprendido com os diálogos da raposa com o Pequeno Príncipe: "Para enxergar claro, basta mudar a direção do olhar", e que "só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos".
Sempre que releio "O Pequeno Príncipe" descubro algo arrebatador. Nunca deixo de ler a dedicatória: "Peço perdão às crianças por dedicar este livro a uma pessoa grande/ Tenho uma desculpa séria: essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo no mundo./ Tenho uma outra desculpa: essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas, até mesmo os livros de criança./ Tenho ainda uma terceira: essa pessoa grande mora na França, e ela tem fome e frio. Ela precisa de consolo. Se todas essas desculpas não bastam, eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi./ Todas as pessoas grandes foram um dia crianças. (Mas poucas se lembram disso)./ Corrijo, portanto, a dedicatória: A Léon Werth, quando ele era pequenino".
Ninguém lê "O Pequeno Príncipe" e continua a mesma pessoa.
Fátima Oliveira é Médica e escritora. É do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução e do Conselho da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe. Indicada ao Prêmio Nobel da paz 2005.
RETIREI DE UM BLOG INTERESSANTE ENQUANTO PESQUISAVA ALGO SOBRE O PEQUENO PRINCIPE.
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